quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Ano Novo, Melodias Nem Tão Novas

Foi com uma sinfonia de Wagner que o 2020 do Brasil da nova era começou de vez. E já nos primeiros dias de um novo ano tivemos a mais explicita menção ao nazismo vinda do governo cujo apoiadores quiseram explicar sobre a ideologia à embaixada alemã no Brasil.

Roberto Alvim, então secretário de cultura, fez uma patuscada horrenda, da pior ideologia existente na Terra, fazendo paráfrases de Goebbels e usando enquadramentos padrões de vídeos do regime que governou a Alemanha por mais de uma década.

Todos caíram de espantos perante a ação de divulgação do prêmio nacional das artes, que estaria ajudando a visar uma arte mais patriótica e sentimental, ou então, a arte não será nada, segundo o então secretário.

E numa apelo a "ações satânicas", Alvim foi exonerado por atos considerados horrendos, ou seriam explícitos demais? O fato é que Regina Duarte, grande namoradinha do Brasil, entrou com os dois pés no Governo Federal para substituí-lo.

Assim, seguimos agora com a denúncia em cima de Glenn Greenwald, o Pulitzer Winner que escolheu o Brasil para amar e residir. Numa ação grotesca contra a investigação da Polícia Federal e palavras do STF, o Ministério Público denunciou o jornalista pelo caso da Vaza Jato, ação que mostrou diversas conversas e áudios vazados através de reportagens do site The Intercept Brasil, fundado por Glenn.

Imagino então como seria se as grandes reportagens da história, tal qual a que levou ao escândalo de Watergate e a renúncia de Richard Nixon, fossem passadas pelo pente fino inventado pelo MP, que já me cheira a uma tentativa de cala boca, uma censura leve ao trabalho jornalístico. Não teríamos boa parte, senão a maior parte das informações que são divulgadas por jornais, sites e revistas. As grandes reportagens feitas dos entreouvidos e passadas secretas de documentos e pastas.

O Jornalismo é isso, é a denúncia em si, a luta pela divulgação de tudo que não querem que seja divulgado. O quarto poder que vive contra todo o sistema, ainda que faça parte dele, pois é necessário sempre alguém virar e apontar o que está ocorrendo de errado, ou até certo, para alertar ao povo da realidade em que ele está inserido.

Foram grandes os furores ao redor dos dois acontecimentos, entre outros, como o secretário de comunicação de governo e um suposto "toma lá, dá cá" com emissoras e empresas contratadas pelo (des)governo da Nova Era, e da ideia, cujo até me simpatizo, de Damares Alves de promover a abstinência sexual como uma das saídas para ajudar na contenção de ISTs e gravidezes precoces, porém o que me arreda medo é que seja uma política tratada como salvação, pensando que seu sucesso pode ocorrer como o faz em Uganda, e no fim, acabe trazendo mais problemas do que uma educação sexual real poderia dar aos jovens.

Não cito o "imprecionante" ENEM promovido por Abraham Weintraub por questões óbvias de que é necessário falarmos sobre o ENEM em separado.

Para enfim terminar, desejo um feliz ano novo e que estejamos preparados para o que vier nesse longo ano que promete mais confusões que o último.