sexta-feira, 24 de abril de 2020

A Queda do Ministro

Eu estava escrevendo um post para falar sobre o enfrentamento dos brasileiros contra a COVID-19, quando me acontece a semana mais quente na política brasileira, sem envolver a área sanitária, e isso só contando dois dias de muita especulação e confirmações.

Caiu o Ministro-conje da Justiça e Segurança Pública. Não mais Sérgio Fernando mandando e desmandando os aparatos judiciais de forma executiva no Brasil da Nova Era. Agora, o modo que o magistrado caiu é que impressiona as lentes da política e as telas de cada um de nós, estando ou não em quarentena.

Com ares de kamikaze, o super-ministro foi calculadamente assertivo e raivoso em suas palavras auto-demissionárias, mandando desde sua biografia et curriculum vitae, até o mais real e impossível lançador de verdades entaladas sobre os bastidores que presenciou em Brasília. E isso, meus queridos, é a ponta de um enorme iceberg.

Caindo atirando para todos os lados do presidente, o ex-juiz se firma como um nome certo para candidatar-se a alguma lugar ao sol no executivo, seja paranaense, seja federal, o qual, talvez seja sua próxima ambição, e caso não ocorra, sempre é possível sonhar que o próximo presidente, o coloque no lugar da ministra do STF, Rosa Weber, na aposentadoria compulsória da magistrada em 2023.

Moro apertou tanto o quase cadavérico governo que, o Presidente teve que fazer um contra-pronunciamento que foi capaz de deixar até o mais bêbado dos bêbados com cara de lúcido perante as enroladas frases improvisadas antes da leitura do pronunciamento oficial, que também foi terrível, diga-se de toda passagem.

Assim, temos Jair encurralado, ou não, perante o grande último bastião de moralidade de sua desgovernança no executivo federal. O que vai acontecer? Já está ocorrendo, com a análise das falas do ex-ministro para saber os conteúdos ilícitos falados na real expectativa de uma denúncia, e até de um impeachment do presida da república brasileira.

Grandes são as movimentações públicas e privadas que ocorrem nessa noite em Brasília. Se alguém irá dormir na capital federal hoje, serão aqueles que não estão envolvidos em nenhuma forma com as picaretagens clássicas da velha política, que começa a dar suas caras novamente, com o aval governamental, além claro, do quarto poder, acalorado com o maior furo de reportagem dos últimos meses nessa república tupiniquim.

Assim, deixo meu texto sobre o enfrentamento do executivo federal para outro dia, que está próximo, e me dedico a essas linhas improvisadas após esse dia acalorado no Planalto Central.

Seja o que tiver de ocorrer, lembremos sempre que Moro entrou porque quis e saiu também porque quis. Sabia onde entrava, e com quem se metia. O presidente pode até ser atrapalhado e em certas doses, lunático, mas sempre foi um perigoso representante de uma política que leva a morte a cavalo a quem pede e desafia os interesses.